sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Árvore Genealógica

Meu Tio Paulo teve a ideia de colocarmos no blog nossa árvore genealógica.
Como não temos a foto da família toda estamos colocando uma provisória e a medida que novas fotos chegarem atualizaremos a árvore.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A história de Maracás

É difícil contar a história de um povo sem conhecê-lo. Cada frase lida para a construção da história da época em que Jacy se criou é apenas mais uma peça no infinito quebra-cabeça das histórias. Toda a minha busca por dados que me levem a Maracás, local em que minha avó nasceu, encontra dados do presente em que estou inserida.
A região onde se encontra atualmente a cidade de Maracás era habitada no século XVII por indígenas, quando foi encontrada, explorada e os habitantes da terra mortos pelas expedições organizadas pela família Garcia de Ávilla. A propriedade, cada dia maior, dos Garcia d’Ávilla foi desbravada durante dois séculos pela mesma família que tinha o interesse de conquistar as terras primeiramente em busca de pedras preciosas, prata e ouro e depois para combater a Companhia de Jesus, para o povoamento e simples aquisição de posses. Essa propriedade era tão grande que cortava a Bahia ao meio numa parábola que se inicia em Salvador e finaliza no Maranhão.
Maracás, habitada primitivamente pelos índios maracás, teve sua terra anexada à Casa da Torre oficialmente em 1671 e passou a ser utilizada para a agricultura e pastagens. O Município de Maracás só foi criado de fato em 19 de Abril de 1855.
Entre a fundação do Município de Maracás e o nascimento de minha avó Jacy, em  1939, há um abismo de cem anos sem fatos históricos a respeito da cidade, entretanto no mundo ocorriam diversos fatos marcantes para a humanidade. A economia da cidade era basicamente agrária e por isso o acesso à informação era também muito restrito. A cidade produzia café, feijão, mandioca, milho, arroz e algumas frutas. A população só sabia das notícias por meio dos mercadores que traziam produtos industrializados de São Félix e Cachoeira ou por meio do rádio de pilhas, pois ainda não havia energia elétrica.
Propaganda de 1942.
Propaganda de 1943.
Nas décadas de 30 e 40 o mundo passava por diversas transformações econômicas e sociais. Em 1939 a segunda guerra mundial estava começando, e em 1942 o Brasil entra na guerra que só tem fim no ano de 1945. A Coca cola chega aqui no ano de 1942 e no início da década de 40 também é criada a Justiça do Trabalho e a CLT.  1945 foi o ano dos maiores acontecimentos históricos da década: Adolf Hitler suicida, a ONU é criada, os EUA lançam a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, Getúlio Vargas é deposto e Eurico Gaspar Dutra fica em seu lugar. Em 1946 uma nova constituição é promulgada pra substituir a Carta autoritária de 1937. Em 1939 a vitrola automática é lançada nos EUA e também a televisão em cores.
Propaganda de 1942.
Os EUA enviavam tantas quinquilharias para o Brasil que em 1942 a vitrola já estava chegando por aqui. O Brasil era dependente dos produtos industrializados pois a economia era basicamente agrária.
Propaganda de 1942.
Enquanto tudo isso estava acontecendo no mundo, na década de 40 Maracás serviu como uma espécie de campo de concentração onde nazi-fascistas eram vigiados e detidos. Os Alemães eram localizados em todas as partes do país e levados a Maracás para ficarem sob custódia do estado.





Entrevista com Jacy

Jacy em 2002.
Qual é seu nome completo? Quando a senhora nasceu? Onde?­­­­­­­­
Jacy Araújo Vieira. Nasci em Maracás na Bahia em 27 de setembro de 1939.

Quem eram seus pais, avós?
Avós paternos: Romão José Vieira e Maria Torquata de Jesus
Pai: Paulino José Vieira
Avós Maternos: Vicente Ferreira de Araújo e Rosária Maria de Andrade
Mãe: Felinta Araújo Vieira

Ranulfo, ou Lindolfo.
DESAPARECIDO
Quantos irmãos a senhora teve?
Uns catorze comigo. Vamos ver... Uns morreram e eu não lembro o nome. Mª de Lourdes, Mª Mercês, Enedina, Edith, Avanir, Avacir, Carmélia, Ilda, Regina, José Augusto e Ranulfo. Ranulfo mudou o nome para Lindolfo, foi para São Paulo e tem mais de 40 anos desaparecido.

Com que idade a senhora saiu de sua cidade?
Com 6 ou 7 anos fui com minha família para Itaquara. Minha mãe era de Itaquara e a família dela morava em Jaguaquara.

Por que a senhora saiu de sua cidade?
Porque acabou tudo na fazenda de café. A condição financeira piorou...
Jacy

Morou em outra cidade depois da cidade natal e antes de Salvador? Quais?
Com mais ou menos 14 anos fui para Jequié com um primo e a família dele. Meus pais e irmãos ficaram em Itaquara. Fui porque quis conhecer lugares diferentes. É tudo perto: Maracás, Itaquara, Jaguaquara e Jequié.

Quando a senhora veio morar em salvador?
Quando eu tinha uns 17 anos... foi no ano de 1959.

Com quem e porque a senhora veio morar em salvador?
Porque a família do meu primo colocou um pensionato na Rua Carlos Gomes e eu vim morar nesse pensionato com eles.

Em quais bairros a senhora morou?
Carlos Gomes, Tororó, 2 de julho, Pero Vaz, Curuzu, Fazenda Grande, Saramandaia (o mais importante), Paripe, Mapele e agora em Stella Maris. Você não vai perguntar dos meus filhos não?

Mas, por que Saramandaia era o mais importante?
Porque é perto de tudo, hoje é um bairro chique mas antigamente era invasão.

Em quais bairros nasceram seus filhos?
Paulo César nasceu no 2 de Julho e Maria Anita também. Jô nasceu no Curuzu.

Jacy. No colo Anita e Paulo a direita,


Por que a senhora se mudou tanto?
Porque eu achava melhor morar em outros lugares e ia... a condição financeira também.

Voltando a Maracás... A senhora lembra de alguma coisa sobre a 2ª Guerra Mundial?
Lembro que o pessoal da roça escondia os filhos dentro de casa, na roça, ninguém saía. Achavam que se saíssem para a rua iam ser pegos para ir pra guerra.
Na entrada de Maracás tinha a lagoa do Macionilio que eu ouvia dizer que jogavam os presos de guerra lá.
Jacy

No que seus pais trabalhavam?
Na fazenda. Eles eram proprietários da fazenda de café. Lembro que eles davam café de presente para as “panhadeiras” de café na semana santa... bacalhau, arroz, farinha, leite... no Natal e no São João era milho verde, amendoim e feijão.
As pessoas trabalhavam Ana roça durante a semana e no sábado tinham que sair pra praça pra vender as mercadorias, animais... galinha, porco.

E como era a vida financeira dos seus pais?
No início minha mãe tinha dinheiro, era rica, e meu pais não tinha. Depois meu pai conseguiu mais dinheiro.
Meu pai começou a vida sendo tropeiro, aquela pessoa que carrega animais cheios de coisas para vender. Ele tinha tropa de burro. Viajava com as cargas de farinha, café, feijão...
Lembro que se comprava naquela época uma peça de tecido, chamava as fazendas, pra fazer os vestidos de todo mundo igual. A gente tinha as costureiras, as torradeiras (torravam café)... Minha mãe era portuguesa, parecia italiana... era bonita.

Que dia era a missa?
Uma vez no mês e cada um guardava suas melhores roupinhas para ir na missa.

E o evento mais movimentado era a feira e a missa?
Quem morava no comércio tinha mais movimento e quem morava na roça tinha de ir no comércio fazer as coisas. O transporte só era jegue, cavalo, jumento.
O forró era a festa animada, os casamentos eram festas de três dias... tinha biscoito e bolo de puba, biscoito de goma, bolo de aipim, licor. Santo Antônio também era festa de três dias.
Ia cantar roda no terreiro no São João... (cantarolando) Subi no pé de coco pra tirar coqueiro, pra tirar coqueiro, pra tirar coqueiro.”
Sábado de Aleluia, depois da Semana Santa, diziam que Aleluia passava as onze horas e a gente colocava a bacia d’água para ver a sombra passar na lua.

Quais os meios de comunicação da época?
Tinha uns rádios de bateria, umas vitrolas de antigamente.

E como era a tecnologia da época?
Tinha a máquina de manivela, eu costurei muito, Singer... tinha Vigorelli. A luz era lampião, candeeiro, o fogão era a lenha, o ferro era de carvão.
A farinha era feita na mão cevando a mandioca, um rodo para mexer, pisar o café, moer no pilão, pegar água na fonte.
Fotografia os fotógrafos iam nas portas. Conhece lambe-lambe? Tinha um pano preto...

Havia escola?
Andava muito... Tinha uma mulher que ensinava a gente, não pagava nada não... Eu ia. Ia todo mundo a pé com a “verdureira” (sandália de couro) nas mãos, para não sujar, quando estava chovendo. Os pés enchiam de barro, mas lavava na fonte. Não podia era sujar as sandálias.

A professora batia nas crianças?
A professora não batia em ninguém não. E quem era doido de bater em filha de fazendeiro? As filhas do dono da fazenda tinham até banheiro especial perto da fonte.

Mas e como foi que acabou a fazenda de café?
Eu não gosto muito de falar dessa história. O dono da casa, meu pai, morreu e tudo foi virando pó. Minha mãe foi vendendo os bichos, os cavalos, os jegues, “a troco de banana”.
Tem uma fazendinha que chamava Burracha, que minha mãe vendeu a troco de nada, sem assinatura de filho nenhum. Em distrito de Maracás. Hoje em dia terra lá é ouro... os carros passam na porta.

Fale um pouco sobre Maracás.
Maracás naquele tempo era um lugarejo e hoje é a cidade das flores.

Porque cidade das flores?
Depois que cultivaram, a cidade cresceu, descobriram novos talentos de cultivar flores. Naquela época já tinham muitas flores, mas o povo não dava valor.
Jacy com Paulo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Propagandas do ano de 1942

No Brasil a tecnologia chega antes do progresso e por isso os objetos elétricos chegam dos EUA sem nem os brasileiros possuírem energia elétrica para utilizá-los. Essas são propagandas antigas publicadas na revista Seleções do Reader's Digest brasileira. Créditos do blog Propagandas Antigas.